sexta-feira, 10 de junho de 2011

Os desafios de uma rádio jovem na era da internet

Com a explosão das redes sociais na internet, fica cada dia mais inviável tratar a informação como algo rígido e formal, principalmente quando a notícia é direcionada para o público jovem. Este é um dos maiores desafios de uma rádio jovem, se manter atualizada e informar com dinamismo e rapidez, como na internet, sem deixar de entreter e divertir.

“Tem que ser da internet”, é o que diz Armando Saullo, 23, chefe de redação do departamento de jornalismo da rádio paulistana Fast 89 FM, sobre sua única fonte de informação hoje. Armando complementa que até pouco tempo, na rádio 89, eram usadas como fonte de informação revistas e jornais, mas como hoje as notícias na internet circulam muito rápido, é impossível acompanhá-las por outro meio.

Para acompanhar essa evolução da notícia, Armando diz que uma das primeiras tarefas é estar conectado à internet e às redes sociais o tempo todo, de todos os ângulos. Na Fast 89 FM, por exemplo, o ouvinte que estiver “on line” pelo Twitter pode pedir música e ouvi-la logo em seguida, pois sempre terá um locutor ou produtor musical conectado para atender o pedido.

No que diz respeito à interatividade entre rádio e internet, a Fast 89 FM é um exemplo de rádio jovem que procura adequar sua linguagem aliada ao conteúdo, pois, como relata Armando, é a única rádio jovem que possui um núcleo específico de jornalismo, e que seu membro mais velho tem apenas 23 anos.

E é Armando essa parte mais velha da enxuta equipe de jornalismo da rádio. Ele, que começou por lá aos 17 anos e está até hoje, atuando como chefe de jornalismo. Descolado, antenado nas tendências e inteligente, Arnaldo diz gostar muito do que faz. Complementa que o trabalho jornalístico lá é um dos diferenciais da rádio e que as ideias eventualmente criadas pela equipe, formada por apenas três pessoas (ele e mais duas redatoras), sempre são ouvidas pelos diretores.

Conheça os bastidores da Rádio Fast89 FM, e os melhores momentos da entrevista

Um dos noticiosos mais antigos da rádio é o programa “Plugado”, que teve o nome há pouco tempo alterado para “Plugado Fast”, programa de notícias sobre o mundo da tecnologia e do cinema. Entre uma notícia e outra, o espectador pode se distrair ouvindo música Pop. Vai ao ar das 7h00 às 8h00 da manhã e é ouvido principalmente por jovens com faixa etária entre 25 e 35 anos. Armando ainda diz que o locutor interpreta as notícias de forma muito descontraída e animada, de acordo com seu público.

A cada dia, todas as mídias e veículos de informação vão se adequando mais e mais aos padrões das redes sociais, em especial ao Twitter, isso dinamiza a informação, transformando tudo em tópicos. Mesmo com benefícios, como informação em tempo real, esse novo padrão acaba deixando as notícias superficiais, as pessoas estão deixando de se aprofundar nos assuntos, acabam falando de coisas que não conhecem e assim, a informação se propaga como em um telefone sem fio, muda a cada pessoa que a repassa.

Nicolli Oliveira e Francisco Limma.

Mudança nas relações está maior a cada dia devido às redes sociais




As mídias sociais estão cada dia mais presentes na vida dos brasileiros, principalmente dos jovens. Isso está transformando o padrão de relacionamento entre as pessoas, e afeta também a forma de expor idéias e pensamentos. Estamos em uma fase de transição com padrões jamais vistos antes, a forma de relacionamento conhecida há 10 anos atrás está sendo substituída pelos encontros “on line”. Sentimentos que antes eram difíceis de serem expostos, hoje são postados no Orkut, Twitter ou Facebook com muita naturalidade. Como exemplo disso, amigos que se conhecem apenas “on line” já dizem se amar, coisa que pode ser realmente verdade, pois na internet não só sentimentos são mais expostos, como os pensamentos e divagações mais profundos da mente de quem “faz seu login”.

Quem antes não tinha voz, como por exemplo, os tímidos, hoje são populares na internet com milhões de seguidores no Twitter, como é o caso de Roberto Guimarães, 20, que se auto-intitula como sendo técnico em mecatrônica, músico, blogueiro e desocupado.

Roberto, ou melhor, @Rto.21, é um grande blogueiro e celebridade no Twitter, ele tem mais de 6000 seguidores! Diz participar de oito redes sociais e quando é perguntado sobre como era sua vida antes do mundo virtual diz: “Antes eu falava mais com pessoas reais, era afastado das pessoas que estavam longe e próximo das que estavam perto. Isso parece meio óbvio, mas as redes sociais acabam invertendo isso.”

Quanto à timidez, Roberto diz: “Devo ser mais popular na internet, por ser menos tímido lá e mais pessoas terem acesso aos meus pensamentos. Afinal, não posso sair gritando no meio da avenida Paulista, o que eu estou pensando. Bom, poder, eu até posso, mas seria bem estranho e provavelmente ia ter que me esclarecer em alguma base móvel da polícia. Enfim, é mais fácil twittar.

O MSN é o meio de comunicação virtual mais usado no Brasil e Roberto acha que o MSN serve para o bem, mas alerta: “uma fonte de comunicação gratuita entre pessoas não tem como ser ruim, mas você tem que saber a hora de trabalhar, estudar, viver e não ficar no só no MSN. É bom ter seus amigos mais íntimos conectados. Também é ótimo poder ter uma DR (discussão de relacionamento) jogando “FIFA” e sem nenhum rolo de macarrão voando na sua testa. Mesmo assim, não se pode criar uma dependência, virar um “antropofóbico”.

O músico Rodrigo Damaso Gomes, 23, utiliza as redes sociais para promover a sua banda. Rodrigo diz que esses novos recursos abrem portas e oportunidades e que se aliadas ao mundo real pode haver um benefício mútuo entre o real e o virtual.

Rodrigo explica essa fase de transição que as relações interpessoais estão passando. Ele afirma: “Eu acho que a mudança de significados que emprestamos às coisas que afetam nosso dia-a-dia está cada vez mais constante e rápida, isso por causa da internet. Estamos mesmo na era do fast-food e as pessoas são produtos hoje. Então, pode ser que chegue uma hora em que vamos dar um passo p/ trás, ver o panorama, e passar por um reajuste coletivo.”

Rodrigo tem certa razão. Segundo ele, a mudança no comportamento das pessoas não é mais gradativa, é quase instantânea. As novas gerações não conhecem mais relacionamentos que não estejam atrelados ao uso das redes sociais. Isso auxilia na aproximação das pessoas e quando não se mostra o rosto, quando o diálogo não é “cara a cara” todo sentimento é mais fácil de ser exposto.

As redes sociais chegaram mesmo para ficar. Existem hoje cerca de 190 milhões de usuários no Twitter e 65 milhões de “tweets” por dia. Já o Orkut, criado em 2006 tem aproximadamente 30,3 milhões de usuários. Outras redes sociais voltadas para mercado de trabalho ou estudos tem um número pequeno, comparado ao grande fenômeno do Orkut, doTwitter e mais recentemente do Facebook.

Nos resta agora observar se os resultados dessa transição na forma que temos de nos relacionar serão úteis e relevantes, ou apenas puro lixo eletrônico.

As meninas que vivem da Augusta

Famosa por sua diversidade comercial, a rua Augusta se transforma à noite em um dos maiores pólos sexuais da cidade de São Paulo



Carros, pedestres, comércios, garagens grafitadas, moradores de rua e casas com cadeados. Tudo isso se destaca na rua Augusta, no sentido centro, durante o dia. Uma placa com os dizeres “venha comemorar o aniversário da gatinha patricinha conosco” é a única prévia do que acontecerá na rua ao anoitecer.

Por volta das 20 horas de uma quinta-feira, no “Bar do Matão”, localizado próximo ao espaço Unibanco de Cinema, o funcionário Severino Pereira, 47, conta como será o resto da noite. Segundo ele, o movimento mais intenso começa depois das 23 horas, quando é quase impossível transitar de carro por toda a rua em menos de uma hora. Há 19 anos trabalhando no bar, Severino afirma que há mais de 20 casas de prostituição na Augusta: “existem garotas de todos os tipos: loiras, morenas, mulatas, ruivas, paraguaias, colombianas... Tem para todos os gostos”. Quando questionado a respeito do funcionamento das casas, Severino aconselha a procurar recepcionistas ou gerentes das casas ao redor.

Fátima, recepcionista da boate “Casarão” que fica ao lado do bar onde trabalha Severino, recusa-se a dar qualquer informação sobre o funcionamento da casa: “de mim vocês não vão conseguir nada!”. E quando indagada sobre alguém que pudesse falar sobre o assunto, ri e diz: “Ah, vocês vão ter que penar muito”. Fátima tem razão, pois os envolvidos com esse tipo de atividade não costumam falar sobre o assunto por saberem que agenciar garotas para a prática da prostituição ou influenciá-las a realizar esse tipo de atividade é ilegal.

De acordo com especialistas em direito, a prostituição em si não é crime, porém quem agencia outros a prestarem serviços sexuais para com isso obter lucro, ou seja, pratica a popularmente conhecida “cafetinagem”, comete um crime com pena de um a quatro anos de reclusão mais multa. Já se alguém tem uma casa de prostituição, independentemente de o local ser comandado por uma prostituta ou não, também comete crime com pena que vai de dois a cinco anos de prisão mais multa. Em casos de agravantes relacionados a esses crimes, como aliciamento de menores e violência, as penas podem variar.

Segundo o delegado assistente que cuida da região e prefere não se identificar, a abordagem da polícia limita-se a recolher as prostitutas para ver se estão portando algum entorpecente e levá-las à delegacia para conferir suas fichas criminais. “Eles (cafetões) e as meninas estão muito ‘lisos’ hoje em dia. É difícil pegar qualquer coisa que os comprometa”. O delegado também afirma que qualquer ação policial envolvendo crimes relacionados à prostituição é muito difícil: “não podemos proibir uma pessoa de entrar em um bar e sair acompanhada de lá com uma menina, pois as casas de prostituição são camufladas. Se alguém desejar fazer alguma denúncia, deve realizar um boletim de ocorrência ou então ligar para o disque denúncia”. O número de telefone do disque denúncia é 181 e quem liga não precisa se identificar.

O delegado assistente também conta que o maior motivo de reclamação dos moradores da região não é a prostituição, e sim o barulho causado pelo intenso movimento na rua durante a noite. “Muitos rapazes deixam suas “namoradinhas” em casa mais ou menos à meia noite e vão para a Augusta em busca das prostitutas. De dentro do carro, abordam as meninas, ficam conversando com elas e o carro de trás buzina, causando barulho”, afirma o delegado.

Em relação a dados estatísticos sobre crimes relacionados à prostituição, o delegado diz que encaminha as informações para a delegacia seccional que abrange toda a região central da cidade. Segundo a seccional, os dados são contabilizados e encaminhados para a Secretaria de Segurança Pública, onde, de acordo com a assessoria de imprensa, não há qualquer estatística sobre o assunto.


As vozes da Augusta

De shorts jeans e blusa de moletom, sai uma garota do “Casarão” que diz ter 22 anos e trabalhar na casa há três. Quando perguntada sobre seu nome, pensa alguns instantes e diz: “Jéssica”. Já em relação ao funcionamento de seu local de trabalho, Jéssica olha para trás diversas vezes e fala: “ele (cafetão) não vai gostar. É melhor conversarmos durante o dia”. Após passar o número de seu celular, que até o momento só cai na caixa postal, Jéssica volta ao “Casarão”.

Além de trabalhar nas casas, existem também as prostitutas que fazem propaganda de seus serviços colando pequenos anúncios em telefones públicos. Fabiana, 22, trabalha dessa forma. Por telefone, diz que começou a trabalhar com a prostituição há dois anos. “Os clientes me ligam e marcamos um encontro em algum motel das redondezas”.

Fabiana cobra R$ 60,00 por encontro, realiza em torno de três programas por dia e trabalha sozinha, ou seja, não é agenciada. Há também as que cobram mais, como afirma a funcionária de um famoso flat da região, que prefere não se identificar: “Lá no flat, as meninas cobram em média R$ 350,00. A mais top cobra R$ 500,00. Algumas têm até máquinas de cartões! Todos os funcionários sabem o que elas são e o que fazem, mas ninguém fala nada sobre o assunto”.
Reportagem de Nicolli Oliveira e Michelly Siqueira.