terça-feira, 2 de março de 2010

Lan Houses: A febre do momento


Como uma das únicas formas de entretenimento na periferia, lan houses se tornam “points” de encontro dos jovens


O uso internet se torna cada vez mais frequente nas periferias do Brasil e ainda mais em São Paulo. O que antes era privilégio das pessoas de poder aquisitivo mais alto, hoje é difundido para todos, graças ao surgimento e crescimento das lan houses (estabelecimentos que vendem o uso da internet).
As lan houses diminuem a distância entre os jovens da periferia e os jovens de classe média. “Nas lan houses os jovens veem não só uma forma de entretenimento, mas também uma maneira de se mostrar para o mundo e também de ver o mundo. É um modo de participar desse processo global e hegemônico como pode, com os meios que lhe são disponíveis,” afirma João Daniel Donadeli, criador do documentário Periferia.com, que trata desse assunto.
A internet é uma das únicas formas de entretenimento dos jovens da periferia, que utilizam sites como Orkut, Youtube e Messenger. Também proporciona contato com outras culturas, acesso a sites de emprego e serviços como atestado de antecedentes criminais e solicitação de CPF.
Segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, as lan houses respondem por cerca de 49% dos acessos à internet no País.
O único problema desta nova variedade de conhecimento e cultura é a existência de grande informalidade no setor, agravada pela criação de cadastro dos usuários e a cobrança de ISS e taxa de licenciamento para abrir este tipo de negócio. O representante da Associação Brasileira dos Centros de Inclusão Digital, Rafael Maurício da Costa enfatiza: “Se tivéssemos leis que tratassem as lan houses a partir de seu potencial inclusivo, não teríamos 83% delas na ilegalidade”. Fato que se torna mais nítido ao decorrer dos anos, mostrando impossível ser ignorado pelo governo.
Existem também iniciativas gratuitas de acesso a internet, como a da prefeitura de São Paulo, que criou o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, no bairro Vila Nova Cachoeirinha, que disponibiliza cursos básicos de como acessar e-mail e mandar curricullum on line, além de ter outras atividades culturais. “Alguns jovens chegam sem saber nem o que é mouse, e saem mandando e-mails e mandando “scraps” no Orkut, outros já sabem acessar e vem apenas porque é gratuito, ainda bem que aqui, os sites de relacionamentos são liberados”, explica Marcos Silva, professor voluntário dos cursos de inclusão digital. Marina Souza, freqüentadora assídua do centro cultural também diz: Este espaço é maravilhoso, uso para fazer trabalhos da faculdade e ainda sobra tempo para conversar no Orkut. Se o centro não existisse, não sei o que faria, pois não tenho computador em casa e sou bolsista na faculdade, pelo escola da família, não tenho dinheiro para pagar lan house todo dia”.
Existe também, o programa “Acessa São Paulo” do governo do Estado de São Paulo, que, segundo o próprio programa, em oito anos de funcionamento tem 509 postos de acesso em SP e já teve 41,35 milhões de atendimentos.
Os jovens da periferia driblam o preconceito e se mostram também capazes e merecedores de um espaço no mundo globalizado.

Um comentário:

  1. Achei interessante a abordagem. Ficou bem caderno de Cultura do JT. Gostei da matéria.
    Recomendo assuntos mais atuais e polêmicos. Ex: A possível volta da gripe H1N1 com a chegada do inverno. / Ronaldo vai para a Copa? / Apesar de estarmos no meio de uma placa téctonica, corremos algum risco de terremoto ou consequências de um terremoto na borda da placa?

    ResponderExcluir